Marcadores

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Retiro. VII. A amargura da murmuração


Dom Henrique

Agora, acompanharemos algumas das etapas de Israel no caminho do deserto. Lembremo-nos: o caminho de Israel é o nosso caminho! Nunca percamos de vista a palavra da Escritura a respeito do Antigo Testamento: “Irmãos, não quero que ignoreis o seguinte: Os nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar; na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés; todos comeram do mesmo alimento espiritual e todos beberam da mesma bebida espiritual; de fato, bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava. Essa rocha era o Cristo. No entanto, a maior parte deles desagradou a Deus e, por isso, caíram mortos no deserto. Esses acontecimentos se tornaram símbolos para nós, a fim de não desejarmos coisas más, como eles desejaram. Não vos torneis idólatras, como alguns deles, segundo está escrito: “O povo sentou-se para comer e beber; depois, levantaram-se para se divertir”; nem nos entreguemos à prostituição como se entregaram alguns deles, vindo a morrer vinte e três mil num só dia; nem ponhamos à prova o Senhor, como fizeram alguns deles, os quais morreram, picados pelas serpentes; nem murmureis, como alguns deles murmuraram e, por isso, foram mortos pelo Exterminador. Estas coisas lhes aconteciam com sentido figurativo e foram escritas como advertência para nós, a quem chegou o fim dos tempos” (1Cor 10,1-11).

Ao sair do Egito o povo caminhou três dias rumo ao sul, sem encontrar água. Ao encontrá-la, era amarga e o povo murmurou: “Moisés fez partir Israel do mar Vermelho. Tomaram a direção do deserto de Sur. Caminharam três dias pelo deserto sem achar água. Chegando a Mara, não puderam beber a água de Mara, por ser amarga; por isso deram ao lugar o nome de Mara. O povo murmurou contra Moisés, dizendo: ‘Que vamos beber?’ Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe indicou um tipo de planta que ele jogou na água, e esta tornou-se doce. Foi ali que Ele deu ao povo uma lei e um direito, e os pôs à prova. Disse-lhes: ‘Se de fato escutares a voz do Senhor teu Deus, se fizeres o que é reto a Seus olhos, se deres ouvido a Seus mandamentos e observares todas as Suas leis, não te causarei nenhuma das enfermidades que causei aos egípcios, pois Eu sou o Senhor que te cura’” (Ex 15,22-26).

A murmuração será uma constante no comportamento de Israel, sinal de esquecimento, ingratidão e falta de fé, sinal de um coração velhaco e leviano! Que é murmurar? É reclamar, é em voz baixa ou no silêncio do coração criticar continuamente, lamentar o tempo todo, especular de mau ânimo como deveria ser e não é, o que deveria acontecer e não aconteceu, o que deveria ter e não há... Assim, se está sempre insatisfeito, sempre numa atitude de reivindicação e de má vontade.

A murmuração brota da incapacidade de contemplar, de pensar e sentir em profundidade, de descobrir o sentido por trás dos acontecimentos! Ela destrói a fé, destrói qualquer comunidade e envenena os corações. A murmuração azeda as relações numa família, no trabalho e, sobretudo, no ambiente de fé da comunidade de irmãos, que é a Igreja. Vê-se somente a casca, a superfície. Torna-se incapaz de ver a ação de Deus e Sua santa presença por trás dos acontecimentos e das pessoas...

Israel murmurará contra a sede, contra a fome, contra os perigos da guerra. Também serão uma constante as provas pelas quais o Senhor fará Israel passar, para que ele conheça o fundo de seu próprio coração: somente se conhecendo a si, Israel será capaz de conhecer realmente o seu Deus e entrar em comunhão com ele: “Lembra-te de todos os caminhos que o Senhor teu Deus te fez andar nestes quarenta anos pelo deserto, para te humilhar e te provar, para conhecer tuas intenções, e saber se observarias ou não os mandamentos. Reconhece, pois, em teu íntimo que, como um homem corrige o filho, assim o Senhor teu Deus te corrige. Guarda os mandamentos do Senhor teu Deus, para andares por seus caminhos e o temeres. Guarda-te bem de esquecer o Senhor teu Deus, deixando de observar os mandamentos, os decretos e as leis que hoje te prescrevo. Ele, que te conduziu através do deserto grande e terrível, cheio de serpentes venenosas e escorpiões, de terra árida e sem água, fez brotar água de rocha duríssima 16 e te deu para comer no deserto o maná que teus pais não conheciam, a fim de te humilhar e provar, visando a teu bem futuro” (Dt 8,2.5s.11.15s).



Para pensar e rezar:

= Neste deserto da vida, como tenho olhado a realidade ao meu redor: com os olhos da fé ou, simplesmente, numa dimensão meramente deste mundo?

= Tenho murmurado diante das situações e pessoas que me colocam em dificuldade?

= Pense nisto: murmuro quando vejo as coisas simplesmente na minha medida. Só há um modo de ver e avaliar à medida do Senhor: rezando! Compare a atitude do povo, que murmura com a atitude de Moisés, que reza... Quem reza volta-se para Deus e Nele encontra direção e esperança; quem não reza se perde na murmuração e na superficialidade de visão. Quem reza se salva porque se liberta de si próprio! Prometa nesta Quaresma largar o vício da murmuração!

= Israel estava no deserto sem água; era sua própria existência que estava em perigo. Tratava-se de uma situação grave. Ao invés de rezar, murmurou...

= Pense: as dificuldades da vida são também provas para conhecermos o que temos no coração! O que há no seu coração? Pense diante do Senhor Deus!

= Deus deseja curar seu coração ferido: “Se de fato escutares a voz do Senhor teu Deus, se fizeres o que é reto a Seus olhos, se deres ouvido a Seus mandamentos e observares todas as Suas leis, não te causarei nenhuma das enfermidades que causei aos egípcios, pois Eu sou o Senhor que te cura”. Que tal dar realmente espaço para Ele na sua vida?

= Você compreende pedagogia de Deus na sua vida? Lembre que Ele te educa como um pai educa o seu filho! Se você rezar, compreenderá...

= Releia cuidadosamente os textos bíblicos acima...

= Uma última coisa: essa planta que adocicou a água amarga é imagem da árvore da cruz que, tocando a tanta amargura deste mundo, tornou-se doce pelo amor do Coração do nosso bendito e santo Deus Salvador Jesus! Que Ele toque e torne doce o seu coração tanta vez amargurado e amargo! Suplique ao Senhor essa cura! Da murmuração e da amargura...

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Retiro. VI - “No deserto o Senhor te educou”

Dom Henrique

O deserto para o qual o Senhor conduz Israel após tirá-lo da escravidão tem um sentido profundíssimo: “Lembra-te de todos os caminhos que o Senhor teu Deus te fez andar nestes quarenta anos pelo deserto, para te humilhar e te provar, para conhecer tuas intenções, e saber se observarias ou não os mandamentos. Ele te afligiu, fazendo-te passar fome e depois te alimentou com o maná, desconhecido por ti e por teus pais, para te mostrar que nem só de pão vive o homem mas de tudo que procede da boca do Senhor. Tuas vestes não se gastaram pelo uso nem os pés se encheram de calos durante os quarenta anos. Reconhece, pois, em teu íntimo que, como um homem corrige o filho, assim o Senhor teu Deus te corrige” (Dt 8,2-5).

O deserto é o lugar da prova, do desalento, para que o homem perca suas muletas, suas falsas seguranças e, assim, aprendendo a esperar somente em Deus, descubra quem é.

O deserto é o lugar no qual Israel descobrirá quem é realmente e quem é o seu Deus! Uma experiência dolorosíssima! O tempo no deserto é tempo da formação do povo e também, misteriosamente, tempo de núpcias, tempo de provação e de graça!

A experiência do deserto será paradigma de toda autêntica experiência do Deus vivo. Deus é assim: provando, colocando em crise, desposa eternamente: “Assim diz o Senhor: ‘Lembro-me de ti, do amor de tua juventude, do carinho do teu noivado, quando me seguias pelo deserto, por uma terra agreste. Israel era sagrado para o Senhor, as primícias de sua colheita; todos os que o devoravam, tornavam-se culpados, a desgraça caía sobre eles’ –oráculo do Senhor” (Jr 2,2s).

O caminho de Israel no deserto é o nosso caminho nesta vida e neste mundo, caminho de todo o crente, caminho que não é turismo, mas peregrinação: os caminhos, os modos, os tempos e o destino são determinados pelo Senhor.

Eis o que é ser cristão: deixa-se o Egito do pecado nas águas do Mar Vermelho da pia batismal, atravessa-se o deserto da conversão a Deus, para chegar-se à Terra Prometida, que é a comunhão com o Cristo Jesus, nesta vida e na outra: “Com alegria, agradecei a Deus Pai, que vos tornou capazes de participar da herança dos santos no reino da luz. Que nos livrou do poder das trevas e transportou ao reino de seu Filho amado, no qual temos a redenção: a remissão dos pecados” (Cl 1,12ss).

O próprio Senhor Jesus quis experimentar este deserto de Israel e vencer onde Israel fracassara:

(1) À fome do povo e à sua conseqüente murmuração contra o Senhor, à qual o Senhor Deus responde com o dom do maná (cf. Ex 16; Nm 11), é contraposta a tentação diabólica de mudar as pedras em pão (cf. Mt 4,3; Lc 4,3). A resposta de Jesus tem um profundo sentido teológico: “Ele te afligiu, fazendo-te passar fome e depois te alimentou com o maná, desconhecido por ti e por teus pais, para te mostrar que nem só de pão vive o homem, mas de tudo que procede da boca do Senhor” (Dt 8,3). Em outras palavras: nas suas experiências de pobreza e de insuficiência, o homem deve recordar que ele não se sustenta realmente com os pães deste mundo, mas com a palavra que sai da boca de Deus; palavra viva e eficaz, palavra que se fez carne e habitou entre nós, palavra que é o próprio Jesus!

(2) À sede de Israel e ao protesto em Massa, que levou Moisés a pecar tentando a Deus (cf. Ex 17,1-7), corresponde a sedução diabólica de obrigar Deus ao milagre: “Se és filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Porque está escrito: A teu respeito ordenou a seus anjos e eles te carregarão nas mãos, para não tropeçares em alguma pedra” (Mt 4,6). A resposta de Jesus é ressonância da advertência de Dt 6,16, que se refere a Massa: “Não tenteis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massa”.

(3) Finalmente, a suprema tentação de substituir o verdadeiro Deus, invisível, misterioso e incontrolável, por um ídolo manipulável e que desse segurança (o bezerro de ouro - Ex 32; os deuses de Canaã - Ex 23,20-33; 34,11-14). A esta, corresponde a tentação a Jesus: “Tudo isso te darei se, caindo por terra, me adorares” (Mt 4,9). A resposta de Jesus, recorda, mais uma vez, o ensinamento do Deuteronômio: “Temerás o Senhor teu Deus, a ele servirás e pelo seu nome jurarás” (6,13).

Assim, Jesus vence estas tentações do Povo eleito e nossas! Santo Agostinho ensinar-nos-á a respeito: “O Senhor nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Em Cristo também tu eras tentado porque ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória. Por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória. Se nele fomos tentados, nele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu? Reconhece-te nele em sua tentação, reconhece-te nele em sua vitória! O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer na tentação” (Santo Agostinho - Comentários sobre os Salmos).



Para pensar e rezar:

= Os desertos que atravessamos são como as noites desta vida... Por qual deserto você está atravessando agora? Como tem reagido? Tem caminhado na presença do Senhor?

= Lembra-te: o Senhor te faz atravessar o duro deserto para te libertar de ti mesmo, de tuas escoras... Ele te faz saber, no sofrimento, o que tens no teu coração... Quem és tu? Do que és capaz? Até onde amas o teu Deus? Até onde Nele confias?

= Se no deserto o Senhor te prova, aí também te desposa, na medida em que te entregares a Ele...

= Para não morreres no deserto, para nele não te extraviares, pensa no que te diz o Senhor: (1) Tu não viverás de verdade se viveres somente do que alimenta teu coração neste mundo! Alimenta-te, isto sim, da Palavra de Deus; vive nela, e viverás! (2) Não deves endeusar bezerros de ouro, deuses fáceis e falsos! Adorarás só e exclusivamente o Senhor teu Deus! A Ele te entregará, Nele confiarás, no Seu santo Nome colocarás toda a tua esperança. (3) Nunca porás à prova o teu Deus! Ele não se rebaixa a isto, não se submete às provas dos filhos de Adão! Assim, temerás com amor o teu Deus! Ele é Santo, Ele é Único, Ele é Deus!

= Retome as palavras de Santo Agostinho e medite nelas...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Retiro V. Salvo por puro amor




Dom Henrique

Israel deverá saber que a libertação do Egito foi essencialmente uma obra de amor – como você, cristão, foi libertado em Cristo da treva da morte por puro e gratuito amor: “Quando Israel era um menino, eu o amei e do Egito chamei meu filho” (Os11,1). “Ele feriu o Egito em seus primogênitos, porque o seu amor é para sempre. E fez sair Israel do meio deles, porque o seu amor é para sempre” (Sl 136,10s). Amor surpreendente, tão apaixonado que fere os primogênitos do Egito! E, no entanto, o Senhor ama a toda criatura! Um dos textos judeus da narrativa da Páscoa diz que quando o Senhor afogou os egípcios, os anjos, ao verem os corpos dos soldados de faraó boiando no Mar Vermelho, cantaram e bateram palmas. Então o Senhor os repreendeu: "Como podeis vos alegrar quando minhas criaturas perecem?" Mistério! Insisto: não se pode compreender o Deus santo; Ele não se enquadra na nossa lógica!

A libertação do Seu povo da servidão no Egito será a grande obra do Senhor em favor do seu povo, a obra fundante da identidade de Israel. A partir de agora, o Senhor apresentar-se-á sempre como o Deus libertador, o que está aí, aí para salvar: “Eu sou o Senhor teu Deus, que te libertou do Egito, do antro de escravidão. Não terás outros deuses além de mim” (Ex 20,2s). Sempre que Israel precisar recordar a identidade do seu Deus e sua própria identidade mais profunda, deverá recordar a saída do Egito, a Páscoa.

O Senhor instituiu a celebração pascal como memorial perene do seu amor e fidelidade, para que Israel possa sempre encontrar sua força e inspiração na celebração de tudo quanto o Senhor fez em seu favor. Na mentalidade judaica, o memorial é um rito no qual, pelas palavras, gestos e símbolos da celebração, torna-se realmente presente e atuante o acontecimento celebrado. Assim sendo, celebrando tal memorial, Israel deverá sempre recordar o amor atuante do seu Deus, um Deus comprometido e que, teimosamente, age na noite, nas noites da vida! Este recordar é estrutural na tradição judeu-cristã. Nossa fé vive de memorial, do tornar realmente presente o acontecimento libertador do passado... Esquecer é sinal de leviandade, de superficialidade. Fazer memorial é tornar presente e atuante o que o Senhor fez em nosso favor, encontrando aí inspiração e força para o futuro: “Este dia será para vós uma festa memorável em honra do Senhor, que haveis de celebrar por todas as gerações, como instituição perpétua” (Ex 12,14). “Quando o Senhor teu Deus te introduzir na terra que jurou a teus pais, Abraão, Isaac e Jacó, dar a ti, com cidades grandes e belas que não edificaste, casas cheias de toda espécie de bens que não acumulaste, cisternas já escavadas que não cavaste, vinhas e oliveiras que não plantaste; e quando comeres e te fartares, guarda-te de esquecer o Senhor que te libertou do Egito, do antro de escravidão. Temerás o Senhor teu Deus, a ele servirás e pelo seu nome jurarás. Não seguirás outros deuses, dentre os deuses dos povos vizinhos, porque o Senhor teu Deus, que mora no meio de ti, é um Deus ciumento. Não suceda que a cólera do Senhor teu Deus, inflamando-se contra ti, venha a exterminar-te da face da terra. Guardai com grande cuidado os preceitos do Senhor vosso Deus, os mandamentos e as leis que vos dá. Faze o que é reto e bom aos olhos do Senhor para que sejas feliz e possas entrar e tomar posse da boa terra, da qual o Senhor jurou a teus pais que haveria de expulsar todos os inimigos, como ele mesmo disse. Quando amanhã o filho te perguntar: ‘Que significam estes mandamentos, estas leis e estes decretos que o Senhor nosso Deus nos prescreveu?’ então responderás ao filho: ‘Nós éramos escravos do Faraó e o Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa. O Senhor fez à nossa vista grandes sinais e prodígios terríveis contra o Egito, contra o Faraó e contra toda sua casa. Libertou-nos de lá para nos conduzir à terra que, com juramento, prometera a nossos pais. O Senhor mandou que cumpríssemos todas estas leis e temêssemos o Senhor nosso Deus, para que fôssemos sempre felizes e nos conservasse vivos, como nos faz hoje. Seremos justos, se guardarmos os seus mandamentos e os observarmos diante do Senhor nosso Deus, como ele nos mandou’” (Dt 6,10-25).



Ora, otudo quanto o Senhor fez por Israel era preparação para a nossa Páscoa em Cristo. Assim, raiz e cume de todo memorial é a Eucaristia, na qual o Novo Israel, que é a Igreja, celebra a Páscoa definitiva: com Cristo e em Cristo, saímos da morte do pecado, atravessamos o Mar Vermelho das águas batismais e começamos a travessia no deserto deste mundo para a Terra Prometida do céu. Porque Cristo passou da condição de Servo que, por nosso amor, assumiu nesta vida, atravessando o Mar da morte e entrando na Terra Prometida da Glória do Pai, nós também, por Ele e com Ele, vamos fazendo nossa Páscoa na vida de cada dia e celebrando-a realmente em cada Eucaristia.

Assim começa a história de Israel com o seu Deus, um Deus que ele vai conhecendo à medida que o experimenta na sua vida!



Para pensar e rezar:

= Medite neste textos: Ex 14 – 15; Sl 114(113A); Sl 30(29); Eclo 2

= O Senhor também te libertou, fazendo-te passar nas águas do Batismo.

= Tu deves celebrar dominicalmente esta libertação, participando do Sacrifício eucarístico, em que o Cordeiro pascal torna perenemente presente a Sua oferta ao Pai por nós!

= A salvação é dom, é amor gratuito de Deus. É preciso abrir humildemente o coração para acolher tal dom: não é direito; é graça!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Retiro.IV. Um Deus que desconcerta




Dom Henrique

Retomemos o texto de Ex 15. É uma perícope tremenda!

“Em seguida, Moisés e Aarão apresentaram-se ao Faraó e lhe disseram: ‘Assim diz o Senhor Deus
de Israel: Deixa partir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto’. Mas o Faraó respondeu: ‘E quem é o Senhor para que lhe deva obedecer, deixando Israel ir? Não conheço o Senhor, nem deixarei Israel partir’. Eles disseram: ‘O Deus dos hebreus marcou um encontro conosco. Deixa-nos ir a três dias de viagem no deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor nosso Deus. Do contrário, a peste e a espada nos atingirão’. Mas o rei do Egito lhes disse: ‘Por que vós, Moisés e Aarão, levais o povo a transcurar os trabalhos? Ide para vossas tarefas!’ E o Faraó acrescentou: ‘Eles já são mais numerosos que a população local, e vós quereis fazê-los interromper suas tarefas?’ Naquele mesmo dia o Faraó ordenou aos inspetores do povo e aos capatazes, dizendo: ‘Não forneçais mais palha a esta gente para fazer tijolos, como antes fazíeis. Que eles mesmos busquem a palha. Mas exigi a mesma quantia de tijolos de costume, sem tirar
nada. São uns preguiçosos, e por isso reclamam: ‘Queremos ir oferecer sacrifícios ao nosso Deus’. Carregai estes homens com mais trabalho, para que estejam ocupados e não dêem ouvidos a palavras mentirosas’.

Os inspetores e os capatazes foram, pois, dizer ao povo: ‘Assim diz o Faraó: Não vos darei mais
a palha. Devereis ir buscar a palha onde a puderdes encontrar. Em nada, porém, será diminuída a vossa tarefa’. O povo dispersou-se por todo o Egito em busca de palha. Mas os inspetores pressionavam-nos dizendo: ‘Terminai a tarefa marcada para cada dia, como quando havia palha’. Castigaram os capatazes israelitas que os inspetores do Faraó haviam nomeado, alegando: ‘Por que nem ontem, nem hoje, completastes a quota costumeira de tijolos?’

Os capatazes israelitas foram queixar-se com o Faraó, dizendo: ‘Como podes proceder assim com
teus servos? Não se fornece palha a teus servos, e nos mandam fazer tijolos. Nós somos açoitados, mas o culpado é o teu povo’. O Faraó respondeu: ‘Sois mesmo uns preguiçosos e por isso dizeis: ‘Queremos ir oferecer sacrifícios ao Senhor’. E agora, ide trabalhar! Não vos será dada a palha, mas devereis produzir a mesma quantia de tijolos’.

Os capatazes israelitas se viram em má situação com a ordem de não diminuir em nada a quota
diária de tijolos. Encontraram-se com Moisés e Aarão, que os estavam esperando na saída do palácio do Faraó, e lhes disseram: ‘Que o Senhor vos examine e julgue: vós nos tornastes odiosos diante do Faraó e dos seus servidores e lhes pusestes na mão a espada para nos matar’. Então Moisés voltou-se para o Senhor , dizendo: ‘Meu Senhor, por que maltratas este povo? Para que foi que me enviaste? Desde que fui ter com o Faraó para lhe falar em teu nome, ele maltrata o povo, e tu nada fazes para libertá-lo’” (Ex 5).

Recordemos que foi contra a vontade do próprio Moisés que Deus o enviou ao faraó. Vale a pena
recordar em Ex 3 o penoso diálogo de Moisés com Deus. O Senhor força o pobre homem; Moisés tenta escapar dando mil justificativas. E Deus termina por irar-se com ele! Moisés, por fim, encurralado pelo Senhor, cede! E Deus previne que a tarefa não será fácil: “Bem sei que o rei do Egito não vos deixará partir, se não for obrigado por mão poderosa. Mas eu estenderei minha mão e castigarei o Egito com toda sorte de prodígios que farei no meio deles. Depois disso, vos mandará sair” (Ex 3,19-20). Pois bem, Moisés obedece e vai; arrisca a própria vida a apresenta-se ao faraó. E o resultado é uma catástrofe: o rei do Egito não somente não deixa o povo partir, como piora a situação, aumentando a carga de trabalho e o peso da escravidão... É de se perguntar: Onde está Deus? Por que age assim? Por que permite a dor e o sofrimento? Por que seus caminhos nos são tão incompreensíveis?

E, pior ainda: os próprios filhos de Israel ficam indignados contra Moisés e Aarão: “Que o Senhor vos examine e julgue: vós nos tornastes odiosos diante do Faraó e dos seus servidores e lhes pusestes na mão a espada para nos matar”. Imagine a solidão, a angústia, o sentimento de frustração de Moisés! Ter-se-ia enganado? Será que fora ilusão aquele chamado de Deus? Será que Deus é mesmo poderoso? Será que é fiel e se pode realmente confiar nEle? Perguntas de Moisés... Perguntas tão nossas em tantas circunstâncias da vida... Moisés desabafa, com palavras de cortar o coração: “Meu Senhor, por que maltratas este povo? Para que foi que me enviaste? Desde que fui ter com o Faraó para lhe falar em teu nome, ele maltrata o povo, e tu nada fazes para libertá-lo!”Sobre estas palavras vale a pena notar duas coisas:
(1) Moisés não compreende as razões do Senhor; sente-se decepcionado, quase que traído por Aquele que o obrigou a abraçar missão tão difícil e tão sem chance de sucesso... E, no entanto, não desobedece, não se revolta...
(2) Moisés reza! Sua queixa não é murmuração, não é reclamar de si para consigo, mas é um suspiro, um gemido, uma angústia derramada diante de Deus! Isto deveríamos aprender: a nunca murmurar, nunca falar de nós para nós, mas apresentar ao Senhor o nosso clamor! Rezar a alegria e a tristeza, a dor e a esperança, rezar nos momentos de luz e de profunda escuridão... Rezar sempre! Só assim perceberemos Deus em todas as situações de nossa vida, ainda que não compreendamos o agir desse Deus Santo demais, Outro demais, Misterioso demais! Como se compreende Deus? Calando o coração, dobrando o joelho, baixando a cabeça, abandonando-se...

Para refletir e rezar:

= Que missão o Senhor me confiou neste mundo? Que apelos me faz?

= Tenho tido a coragem da fé, saindo de mim e de meus planos para abraçar o plano do Senhor
para mim? Sei dizer como Santa Teresa de Jesus: “Vossa sou, para vós nasci. Que quereis fazer de mim?”

= Nos momentos de escuridão, de incerteza, de sentimento doloroso da ausência de Deus, como reajo: rezo e espero, mais que o vigia pela aurora ou, ao invés, rebelo-me e penso: “Deus não existe”?

= Sei abandonar-me nas mãos do Senhor? Que limites, que condições tenho colocado para minha fé em Deus? Lembremo-nos: Deus nos quer por inteiro, com uma confiança absoluta nEle! Só esta atitude nos tira de nós mesmos e nos liberta! Pense nisto!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Retiro.III. Salvo de modo maravilhoso




Dom Henrique

É no mais profundo da miséria de Israel que Deus vai se revelar ao seu povo e este irá aprender a conhecê-lo: “O Senhor disse a Moisés: “Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi os gritos de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los das mãos dos egípcios e fazê-los subir desse país para uma terra boa e espaçosa, uma terra onde corre leite e mel” (Ex 3,7s).

O Senhor um Deus que liberta: não tolera a escravidão de seus fiéis: somente alguém livre pode entrar em relação efetiva com este Deus... Por isso ele liberta: liberta para a comunhão Consigo! Libertou Israel e nos liberta. Escravos dos senhores deste mundo – sejam eles quais forem – jamais poderemos entrar numa verdadeira comunhão com Deus!

Ele se revelará como o Deus próximo, o Deus que desce, aquele que está aí para salvar: “Moisés
disse a Deus: ‘Mas, se eu for aos israelitas e lhes disser: ‘O Deus de nossos pais enviou-me a vós’, e eles me perguntarem: ‘Qual é o seu nome?’ que lhes devo responder? Deus disse a Moisés: ‘Eu sou aquele que sou. Assim responderás aos israelitas: ‘Eu sou’ envia-me a vós’ Deus disse ainda a Moisés: ‘Assim dirás aos israelitas: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó, envia-me a vós. Este é o meu nome para sempre, e assim serei lembrado de geração em geração” (Ex 3,13ss).

O nome que Deus dá a si próprio, nesta perícope, é de sentido muito incerto. A palavra IHWH, ao que tudo indica, deriva do verbo hebraico hawah (ser, estar presente, ser atuante), Assim, apresentaria um sentido bastante complexo, que implicaria várias atitudes de seus fiéis:

· Confiança certa: Eu estou aqui convosco de tal modo que podeis contar comigo. Até caminhando no vale da morte, podeis confiar em mim, que estou aqui! Até quando fugis de mim, duvidando, gritando ou emudecidos, podeis saber: Eu estou aqui convosco, ainda que vós não me reconhecêsseis.
·
Disponibilidade: Eu estou aqui convosco, de tal modo que tendes que contar comigo, quando e como quero - talvez até em momento e de modo que vos incomode. Pode ser que haja situações em vossos caminhos nas quais não queríeis lembrar-vos que eu estou aqui convosco ou nas quais preferiríeis outro deus!
·
Exclusividade: Eu estou aqui convosco, de tal modo que deveis contar unicamente comigo como aquele que pode estar próximo de vós e vos salvar. Contar comigo exige de vós a decisão clara de levar a sério que eu sou o único para vós: só em mim podeis e deveis encontrar o verdadeiro amor, a verdadeira bondade e a verdadeira vida!

· Ilimitação: Eu estou aqui convosco de tal modo que minha proximidade não tem limites de
lugar, tempo ou instituição. Quando estou aqui convosco, posso estar também com vossos inimigos. Minha proximidade transcende a terra, sobre a qual viveis e da qual, muitas vezes, vos fazeis o centro. Sequer a morte é limite para mim e não pode limitar minha vitalidade.
Uma coisa é certa: o Deus de Israel aparece numa total liberdade e gratuidade: um Deus nômade, indomável! Israel jamais haverá de penetrar até o fundo no mistério de sua realidade, de modo que o seu Nome nunca poderá ser completamente compreendido, será sempre “misterioso”: é o Deus escondido que, mesmo pronunciando-se, é Silêncio! Ele é o Deus existente, em contraste com os ídolos, que são nada! Deus surpreendente, este: tão transcendente e tão próximo: ver-me-eis em meu agir! Por isso mesmo, não se pode brincar com o Seu santo Nome, nem deveríamos
pronunciá-lo à toa! Seria bom seguir o costume dos judeus, de Jesus e dos apóstolos: onde aparece o Nome (IWHW), lê-se “Senhor”! Por isso mesmo a Igreja proíbe que nas orações e cânticos litúrgicos se utilize o Nome revelado no Sinai!

No entanto, esta presença de Deus é sempre desconcertante: Israel terá de ver sua servidão tornar-se mais pesada e sua dor aumentar... Diante do silêncio de Deus. A decepção de Moisés retrata o sentimento do povo: “Em seguida, Moisés e Aarão apresentaram-se ao Faraó e lhe disseram: ‘Assim diz o Senhor Deus de Israel: Deixa partir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto’. Mas o Faraó respondeu: ‘E quem é o Senhor para que lhe deva obedecer, deixando Israel ir? Não conheço o Senhor, nem deixarei Israel partir’. Eles disseram: ‘O Deus dos
hebreus marcou um encontro conosco. Deixa-nos ir a três dias de viagem no deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor nosso Deus. Do contrário, a peste e a espada nos atingirão’. Mas o rei do Egito lhes disse: ‘Por que vós, Moisés e Aarão, levais o povo a transcurar os trabalhos? Ide para vossas tarefas!’ E o Faraó acrescentou: ‘Eles já são mais numerosos que a população local, e vós quereis fazê-los interromper suas tarefas?’ Naquele mesmo dia o Faraó ordenou aos inspetores do povo e aos capatazes, dizendo: ‘Não forneçais mais palha a esta gente para fazer tijolos, como antes fazíeis. Que eles mesmos busquem a palha. Mas exigi a mesma quantia de tijolos de costume, sem tirar nada. São uns preguiçosos, e por isso reclamam: ‘Queremos ir oferecer sacrifícios ao nosso Deus’. Carregai estes homens com mais trabalho, para que estejam ocupados e não dêem ouvidos a palavras mentirosas’.

Os inspetores e os capatazes foram, pois, dizer ao povo: ‘Assim diz o Faraó: Não vos darei mais
a palha. Devereis ir buscar a palha onde a puderdes encontrar. Em nada, porém, será diminuída a vossa tarefa’. O povo dispersou-se por todo o Egito em busca de palha. Mas os inspetores pressionavam-nos dizendo: ‘Terminai a tarefa marcada para cada dia, como quando havia palha’. Castigaram os capatazes israelitas que os inspetores do Faraó haviam nomeado, alegando: ‘Por que nem ontem, nem hoje, completastes a quota costumeira de tijolos?’

Os capatazes israelitas foram queixar-se com o Faraó, dizendo: ‘Como podes proceder assim com
teus servos? Não se fornece palha a teus servos, e nos mandam fazer tijolos. Nós somos açoitados, mas o culpado é o teu povo’. O Faraó respondeu: ‘Sois mesmo uns preguiçosos e por isso dizeis: ‘Queremos ir oferecer sacrifícios ao Senhor’. E agora, ide trabalhar! Não vos será dada a palha, mas devereis produzir a mesma quantia de tijolos’.
Os capatazes israelitas se viram em má situação com a ordem de não diminuir em nada a quota
diária de tijolos. Encontraram-se com Moisés e Aarão, que os estavam esperando na saída do palácio do Faraó, e lhes disseram: ‘Que o Senhor vos examine e julgue: vós nos tornastes odiosos diante do Faraó e dos seus servidores e lhes pusestes na mão a espada para nos matar’. Então Moisés voltou-se para o Senhor , dizendo: ‘Meu Senhor, por que maltratas este povo? Para que foi que me enviaste? Desde que fui ter com o Faraó para lhe falar em teu nome, ele maltrata o povo, e tu nada fazes para libertá-lo’” (Ex 5).

Deus é assim: age na noite, pois Sua luz nos cega, nos deixa em trevas, pois não podemos compreender totalmente o Seu modo de agir! E aí, só nos resta duas saídas: ou renegá-Lo, dizendo “Tudo é absurdo sem nexo; Deus não existe!” ou abandonar-se e dizer: “Creio em Ti, que me ultrapassas! Abandonando-me em Ti, em Ti esperando contra toda esperança, eu vejo a luz!” São João da Cruz afirma que, nesta vida, Deus, para nós, é nada mais nada menos que noite escura! O nosso Deus sabe agir nas noites da vida! Segundo um antigo poema hebraico, chamado “Das Quatro Noites”, o Senhor agiu em quatro noites memoráveis, evocadas pela noite da Páscoa. Nessas noites, Deus cria ou criará:

· A primeira: Deus tirou do caos o universo, quando manifestou-se sobre o mundo para criá-lo. As trevas estendiam-se sobre a superfície do abismo e a Palavra do Senhor era a luz que iluminava.
· A segunda: Isaac foi salvo da treva da morte e viu a luz da vida.

· A terceira: Israel foi salvo da escura morte da escravidão no meio da noite e o Senhor disse: “Meu filho primogênito é Israel” – e ele viu a luz de uma nova vida.

· A quarta: o mundo será libertado das trevas do mal e da morte e todas as gerações de Israel serão salvas. Nesta noite, o Messias virá e luz brilhará para sempre!
Um Deus que salva na noite, o nosso Deus! Assim, na noite da fé, o povo terá que esperar pelas pragas, pelo coração duro de faraó, até que o Senhor o liberte! Terá ainda que passar pelo susto às margens do Mar Vermelho. Finalmente, Israel verá o quanto o Senhor o ama e nele acreditará: “Naquele dia o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar. Israel viu a mão poderosa do Senhor agir contra o Egito. O povo temeu ao Senhor, e teve fé no Senhor e em Moisés seu servo” (Ex 14,30s).

Para pensar e rezar:

= “Assim diz o Senhor Deus de Israel: Deixa partir o meu povo, para que me celebre uma festa no
deserto!” – Pense: Só quem é livre pode prestar culto ao Senhor! É preciso partir: partir de si mesmo, partir de seu pecado, partir de quanto o escraviza! E partir não para se fazer o que quer, para se viver do seu modo, mas para fazer da vida um culto a Deus! Eis a verdadeira liberdade! Pense nisto!

= Quem são seus senhores: o Deus vivo ou tantos vícios, apegos, pecados e opções tortas?

= O Nome de Deus é Santo, é Misterioso! Isto significa que não poderemos nunca compreender Deus totalmente: Ele é o Outro, o Misterioso, o Infinito, o Santo! Respeite profundamente a Deus e tudo quanto tenha relação com Ele! Ele não é seu compadre, não é o cara legal! Ele é Deus! Você é somente pó que o vento leva! Ele está no céu; você está na terra!

= Reflita bem: Deus, para nós, nesta vida, é nem mais nem menos que noite escura! Sua luz é tanta que nos cega! “De noite, mesmo de noite, iremos buscar a Fonte! Só nossa sede ilumina!”

= Um dia, a luz do Messias, Jesus nosso Senhor, iluminará este mundo. Então a história entrará na glória e o tempo na eternidade! E já não haverá noite porque o próprio Deus nos iluminará e o Cordeiro será nossa lâmpada! Até lá, caminhamos pela fé; não pela visão...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Retiro II. Provados pela vida miúda de cada dia, 23/02/2012


Dom Henrique
Amado por Deus, o povo de Israel foi engendrado de modo simples, por patriarcas nômades, que não possuíam sequer um lugar para viver, que viviam no limite da subsistência e eram estrangeiros na terra; homens que viviam da esperança em Deus e que enchiam a pobreza do presente com a fé na fidelidade dAquele que prometera um futuro de bênção.
Eis como viviam: nômades, estrangeiros na terra: “Abrão atravessou o país até o santuário de Siquém, até o carvalho de Moré. Naquele tempo estavam os cananeus no país. O Senhor apareceu a Abrão e lhe disse: ‘À tua descendência darei esta terra’. Abrão ergueu ali um altar ao Senhor, que lhe tinha aparecido. De lá se deslocou em direção ao monte que está ao leste de Betel, e ali armou as tendas, tendo Betel ao ocidente e Hai ao oriente. Construiu ali um altar ao Senhor e invocou o nome do Senhor. Depois, de acampamento em acampamento, Abrão foi até o Negueb” (Gn 12,6-9).

Israel seria engendrado nas crises das noites da fé e do misterioso modo de agir de um Deus vivo, que nos desconcerta porque é grande demais e não obedece aos nossos tempos, modos e metas, um Deus indisponível: “Depois destes acontecimentos, o Senhor falou a Abrão numa visão, dizendo: ‘Não temas, Abrão! Eu sou o escudo que te protege; tua recompensa será muito grande’. Abrão respondeu: ‘Senhor Deus , que me haverás de dar, se eu devo deixar este mundo sem filhos e o herdeiro de minha casa será Eliezer de Damasco?’ E acrescentou: ‘Como não me deste descendência, meu criado é que será o herdeiro’. Então lhe foi dirigida a palavra do Senhor: ‘Não será esse o herdeiro mas um de teus descendentes é que será o herdeiro’. E conduzindo-o para fora, lhe disse: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz!’ E acrescentou: ‘Assim será tua descendência’. Abrão teve fé no Senhor que considerou isto como justiça. E lhe disse: ‘Eu sou o
Senhor que te fez sair de Ur dos Caldeus, para te dar em possessão esta terra’. Abrão lhe perguntou: ‘Senhor Deus, como poderei saber que vou possuí-la?’ E o Senhor lhe disse: ‘Traze-me uma vaca de três anos, uma cabra de três anos e um carneiro de três anos, além de uma rola e uma pombinha’. Abrão trouxe tudo e dividiu os animais pelo meio, mas não as aves, colocando as respectivas partes uma frente à outra. Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres mas Abrão as enxotou. Quando o sol já ia se pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror. E o Senhor disse a Abrão: ‘Fica sabendo que tua descendência viverá como estrangeira num país que não é seu. Serão escravizados e oprimidos durante 400 anos. Mas eu julgarei o povo que os escravizará e depois sairão dali com grandes riquezas. Quanto a ti, irás reunir-te em paz com teus pais e serás sepultado depois de uma feliz velhice. Na quarta geração voltarão para cá, pois a culpa dos amorreus ainda não se completou’. Quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre as partes dos animais esquartejados. Naquele dia o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: ‘A teus descendentes dou esta terra’” (Gn 15). Assim foi pensado e concebido Israel: de um homem já marcado pela morte, de uma mulher cujo seio era estéril, sem vida.
Aquele que faz brotar a vida no deserto iria fazer surgir deste casal um povo, o seu povo, numeroso como as estrelas do céu. A existência de Israel é, por si mesma, um grito: para Deus nada é impossível! Ele dá a graça a quem quer! E Israel terá de aprender, como nós também, a contemplar sua existência à luz da fé e, aí, discernir as pegadas amorosas de Deus.

É precisamente isto que a fé faz: transformar aquilo que aparentemente seria um absurdo ou uma banalidade num sinal velado de amor do Senhor. Se soubéssemos contemplar... O Autor da Epístola aos Hebreus recorda com emoção esta origem sofrida e incerta: “Pela fé Abraão, ao ser chamado, obedeceu e saiu para a terra que havia de receber por herança, mas sem saber para onde ia. Pela fé morou na terra da promissão como em terra estrangeira, acomodando-se em tendas, do mesmo modo que Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma promessa. Porque ele esperava uma cidade fundada sobre alicerces, cujo arquiteto e construtor seria Deus. Foi na fé que morreram todos sem receber as promessas mas vendo-as de longe e saudando, confessando-se peregrinos e hóspedes na terra. Ao dizê-lo, dão a entender que buscam a pátria. Pois, caso se lembrassem da pátria de onde saíram teriam tido ocasião de retornar. Mas desejam outra melhor, isto é, a pátria celeste. Por isso Deus não se envergonha de se chamar seu Deus. De fato lhes tinha preparado uma cidade” (Hb 11,8ss.13-16).

Finalmente, este povo amado, prometido a Abraão, Isaac Jacó será gerado na dura prova da escravidão do Egito: “Surgiu um novo rei no Egito, que não tinha conhecido José, e disse ao povo: ‘Olhai como a população israelita está se tornando mais numerosa e mais forte do que nós. Vamos tomar precauções para impedir que continuem crescendo e, em caso de guerra, se unam também eles a nossos inimigos, e acabem saindo do país’. Estabeleceram, assim, capatazes para que os oprimissem com trabalhos forçados na construção das cidades de depósito do Faraó, Pitom e Ramsés. Os egípcios reduziram os israelitas a uma dura escravidão. Amarguraram-lhes a vida no pesado trabalho do preparo do barro e de tijolos, com toda sorte de serviços no campo, enfim, todos os trabalhos que eram forçados a fazer” (Ex 1,8-11.13s).

Se o Senhor é um Deus que ama, também se cala detrás da densa nuvem dos absurdos da vida e do pranto sofrido dos pobres: o povo geme debaixo do trabalho forçado, as criancinhas são assassinadas, a mãe de Moisés é obrigada a jogar seu filhinho no Nilo... Este silêncio de Deus é causa de escândalo, sobretudo hoje - no mundo da ciência, do debate, das mil respostas, dos questionamentos, do imediato e do mensurável! Diante deste Silêncio podemos ter somente três atitudes: o escândalo descrente, o cinismo sem esperança e a fé que ilumina as trevas e liberta, dando-nos força para a luta! Como não recordar as palavras de Kierkegaard? “Não permitas que esqueçamos: Tu falas, mesmo quando estás calado. Dá-nos esta fé, quando estivermos à espera da tua vinda! Tu calas por amor e por amor falas. Assim é no silêncio, assim é na palavra: tu és sempre o mesmo Pai, o mesmo coração paterno e nos guias com a tua voz e nos ensinas com o teu silêncio!”
Assim, por trás deste silêncio, o Senhor Deus vela para gerar o seu povo: “Passado muito tempo, morreu o rei do Egito. Os israelitas continuavam gemendo e clamando sob dura escravidão. E os gritos de socorro devidos à escravidão subiram até Deus. Deus ouviu-lhes os lamentos e lembrou-se da aliança com Abraão, Isaac e Jacó. Deus olhou para os israelitas e tomou conhecimento” (Ex 3,23-25).
Israel – e eu, que sou Israel! - poderia rezar como o Salmista: “Tu vês a fadiga e o sofrimento, e observas para tomá-los na mão: a ti se abandona o pobre, para o órfão tu és um socorro” (Sl 9 [10])! “Do meu exílio registrastes cada passo, em vosso odre recolhestes cada lágrima, e anotastes tudo isto em vosso livro” (Sl 56[55]).
É assim, no silêncio dos acontecimentos, na aparente insignificância da vida, que o Deus de Israel age! Para quem não crê, há somente a escuridão de um silêncio absurdo, da falta de sentido que oprime e nos destrói... Mas para quem crê, a escuridão torna-se luminosa, como a noite da Páscoa: “Só tu, noite feliz, soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia; e é por isso de ti que foi escrito: a noite será luz para o meu dia!” Ou, com diz o responsório das laudes dos domingos do Advento: “Mesmo as trevas para vós não são escuras, vós sois a luz do mundo, aleluia!”
Para pensar e rezar:

= O Senhor não garante aos seus facilidades nem riquezas. Quem caminha com ele deve viver de fé e caminhar de esperança em esperança. Nossa riqueza é o Senhor, nossa certeza é o Senhor, nossa recompensa é o Senhor! Quem caminha assim é livre, é sereno e não perde o rumo na existência...

= Pense: onde procuro minhas certezas? Onde busco minhas seguranças? O Senhor deveria ser minha Rocha!
= Nas nossas noites o Senhor está presente. Se o soubermos reconhecer, escutá-lo, veremos que Ele nos sustenta e nos leva nos braços, ainda que não compreendamos como...

= Deus pode fazer brotar um jardim no deserto da minha vida e da vida do mundo. Do que é morte e esterilidade, Deus pode fazer brotar a vida! “Por que tenho medo? Nada é impossível para Ti!”

= Os modos, medidas e tempos de Deus não são os nossos! É preciso que nos convertamos ao Senhor, confiando nele com toda a nossa força e entendimento!

Retiro - I - Um povo desde sempre amado 22/02/2012



Dom Henrique

Na sua história, Israel pode repetir as palavras do salmo 138: “Senhor, Tu plasmaste meus rins, teceste-me no seio de minha mãe. Graças Te dou, porque fui feito tão grande maravilha. rodigiosas são Tuas obras; sim, eu bem o reconheço. Meus ossos não te eram encobertos, quando fui formado ocultamente e tecido nas profundezas da terra. Ainda embrião, Teus olhos já me viam; foram registrados em Teu livro todos os dias prefixados, antes que um só deles existisse. Mas, a mim, que difíceis são Teus projetos, Deus meu, como é grande sua soma! Pensava eu em
contá-los, mas eram mais numerosos que a areia! E se termino, ainda estou Contigo!”

O salmo faz-nos pensar no mistério da existência, que é sempre livre, aberta e, no entanto, conhecida e “pré-fixada” por Deus, de modo que podemos dizer: “Senhor, tomaste nas Tuas mãos cada momento de minha vida!”Como cada um de nós, antes de existir, este povo foi amado, plasmado e escolhido de modo misterioso, no silêncio perturbador do cotidiano e na provação das demoras de Deus, já nos tempos do pai Abraão.

Ninguém vem ao mundo por acaso, sem um propósito: cada pessoa é um sonho carinhoso de Deus, é um pensamento de Deus que não se repete jamais. Assim foi com Israel: desde os seus
primórdios, antes de ser gerado, este povo foi pensado pelo Senhor com uma vocação que é também uma missão: “O Senhor disse a Abrão: ‘Sai de tua terra, de tua parentela, da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei. Farei de ti um grande povo e te abençoarei, ngrandecendo teu nome, de modo que se torne uma bênção. Abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem. Com teu nome serão abençoadas todas as famílias da terra’” (Gn 12,1-3).
Pense, rezando estes dois textos acima:

= Também eu fui amado eternamente pelo Senhor. Seu amor me chamou à existência, como chamou Israel! Obrigado, Senhor, pela graça imensa de viver... Imenso dom do Teu amor infinito!

= Minha existência é um mistério, porque brota do próprio Deus, que é Mistério! Quem sou eu? Por que sou assim? Por que minha história tem sido esta? Por que nasci nesta época, nesta situação, com estas características? Mistério... Diante do Mistério, silêncio, contemplação, admiração, gratidão!

= Não venho de mim mesmo, mas de um Outro. Deveria viver minha vida diante Dele, na sua presença! Aí sim, minha vida terá verdadeiro sentido!

= Não nasci para nada; nasci com um propósito! O Senhor me criou para Ele, para deixar-me amar por Ele, viver a vida com Ele, amando-O e Dele fazendo o chão, a rocha da minha vida! Vive de verdade quem vive na verdade da existência. E a nossa Verdade é Deus somente!

= Que sentido estou dando à minha vida?

Introduzindo o nosso retiro


A experiência de Israel com o seu Deus é a nossa experiência. É necessário, portanto, retomar sempre a história de nossos antepassados na fé, como quem retoma um álbum de família para aí, aprender de onde viemos, qual nossa história com o nosso Deus e, sobretudo, qual o seu modo de agir... Pio XI afirmava que, espiritualmente, somos todos semitas. Assim, Israel é cada um de ós; contemplando sua história, é a nossa própria vida que contemplamos: “Esses fatos aconteceram para nos servir de exemplo, a fim de que não cobicemos coisas más, como eles cobiçaram. Não os torneis idólatras como alguns dentre eles, segundo está escrito: “O povo sentou-se para comer e beber; depois levantaram-se para se divertir”. Nem nos entreguemos à fornicação, como alguns deles se entregaram (...), nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, de modo a orrer pelas serpentes. Não murmureis, como alguns deles murmuraram, de modo a perecerem... Estas coisas lhes aconteceram para servir de exemplo e foram escritas para a nossa instrução, nós que fomos atingidos pelo fim dos tempos”... (1Cor 10,6-11).

Nossa meditação consistirá em acompanhar nossa história na história de Israel e, com as escrituras nas mãos, redescobrir o que o Senhor espera de nós e tomar consciência do modo como estamos respondendo ao chamado Senhor em nossa existência. O Senhor não muda nunca o seu proceder: ele é o Deus fiel a si mesmo e a nós. Como tratou Israel, nos trata a nós! Olhando
para Israel, contemplemo-nos e descobriremos que é para nós mesmos, para nossa história pessoal e eclesial que estaremos olhando.Recordemo-nos também que o Antigo Testamento
coloca-nos em contato com as experiências de um povo conduzido e plasmado pelo Espírito do Ressuscitado: “Ele, que falou pelos profetas”, fala pela história de Israel: “Esta salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas, que proferiram oráculos sobre a graça que vos era destinada. Perscrutaram a época e as circunstâncias indicadas pelo Espírito de Cristo, que
estava neles, profetizando os sofrimentos do Cristo e as glórias posteriores. Foi-lhes revelado que faziam, não para si mesmos, mas para vós estas revelações, que agora vos têm sido anunciadas por quem vos pregou o Evangelho da parte do Espírito Santo enviado do céu. Revelações estas que os próprios anjos desejam contemplar” (1Pd 1,10-12).

Enfim, a vantagem de um retiro com a Escritura é que na escuta da Palavra o Senhor falará como bem lhe convier na força daquela Palavra que é viva e eficaz.



Dom Henrique

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Retiro Quaresmal


Nesta quaresma Dom Henrique, Bispo auxiliar de Aracaju-SE, pregará um retiro pela internet quem quiser acompanhar disponibilizamos os endereços, bem como colocaremos diariamente suas meditações, uma santa preparação para a Páscoa.
blog:
Face Book:
Twitter:
(domhenrique_VT)

Aniversário de nosso Presidente Luciano Dídimo



Esta Comunidade se alegra pela passagem de seu natalício, ao mesmo tempo que pedimos a Virgem do Carmo e ao seu esposo São José muitas luzes e graças a você para que possas conduzir-nos ao Monte que é Cristo Jesus. Parabéns e uma santa Quaresma.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Terça - feira de carnaval FESTA DA SAGRADA FACE!


Oração à Sagrada
Face(Composta por Santa Teresinha)

Ó Jesus, que na
Vossa crudelíssima Paixão Vos tornastes "o opróbio dos homens e o homem das
dores", eu adoro a Vossa Divina Face sobre a qual resplandecem a beleza e
ternura da Divindade e que agora se tornou para mim como a face de um "leproso"
(Is. 53,4).
Mas sob estes traços
desfigurados reconheço o Vosso infinito amor e ardentemente desejo amar-Vos e
fazer-Vos amar por todos os homens. As lágrimas que com tanta abundância
correram dos Vossos olhos, se me afiguram quais pérolas preciosas, que eu
quisera recolher para, com seu valor infinito, resgatar as almas dos pobres
pecadores.
Ó Jesus, Vossa Face
é a única beleza que encanta o meu coração, de boa mente quero renunciar na
terra à doçura do Vosso olhar e ao inefável ósculo de Vossa boca divina, mas
suplico-Vos, imprimi em meu coração Vossa Divina Imagem, e inflamai-me com Vosso
amor, a fim de que possa um dia contemplar a Vossa Face gloriosa no Céu. Amém.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012


«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmosao amor e às boas obras» (Heb 10,24)

Irmãos e irmãs!
A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da fé» (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.

1. «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.

O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e
compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

O facto de «prestar atenção» ao irmão inclui, igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre
necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós.
2. «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade.
O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).

3. «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»: caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf. Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras. Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).

Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.

Vaticano, 3 de Novembro de 2011

BENEDICTUS PP. XVI

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

O Símbolo da Cruz


Cristo bem escolheu a morte na cruz, porque a cruz é o símbolo que mais fala. Alto na cruz o Salvador pode ser visto de bem longe e grita, por assim dizer, para toda a humanidade. Os braços bem abertos: Venham a Mim, todos... A cabeça inclinada: Obediência ao Pai. O sangue que escorre: Um amor maior ninguém tem.

Traduzido de : Stein, E., “Dein Herz verlangt nach mehr” , Patmos Verlag GmbH & Co. KG, Düsseldorf, Seite 22, 2009.

Encontro do dia 11/02/2012


Oração a Nossa Senhora de Lurdes
Ó Virgem puríssima, Nossa Senhora de Lurdes, que vos dignastes aparecer a Bernadete, no lugar solitário de uma gruta, para nos lembrar que é no sossego e recolhimento que Deus nos fala e nós falamos com Ele, ajudai-nos a encontrar o sossego e a paz da alma que nos ajudarem a conservar-nos sempre unidos em Deus.
Nossa Senhora da gruta, dai-me a graça que vos peço e tanto preciso (pedir a graça). Nossa Senhora de Lurdes, rogai por nós. Amen.






Nossa reunião foi iniciada com a oração conduzida pelo Luciano, com reflexão sobre o dia dedicado a N. Sra. de Lurdes e sobre os enfremos. Em seguida, continuamos a oração com a Letcio Divina do Evangelho de São Marcos 1,40-45.

"Um leproso chegou perto de Jesus e pediu de joelhos: «Se queres, tu tens o poder de me purificar.» Jesus ficou cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: «Eu quero, fique purificado.» No mesmo instante a lepra desapareceu e o homem ficou purificado. Então Jesus o mandou logo embora, ameaçando-o severamente: «Não conte nada para ninguém! Vá pedir ao sacerdote para examinar você, e depois ofereça pela sua purificação o
sacrifício que Moisés ordenou, para que seja um testemunho para eles.» Mas o homem foi embora e começou a pregar muito e a espalhar a notícia. Por isso, Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ele ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte as pessoas iam procurá-lo."



Após o intervalo demos continuidade a nossa reunião com a formação do Livro Fundações capítulo 3, sobre a fundação do mosteiro de São José de Medina del Campo, o Luciano apresentou vários slides, por sinal muito didáticos e proveitosos.



Em seguida, houve a partilha da leitura, bem como da apresentação.


Concluímos nossa reunião com as orações das Vésperas.

As 7 dores e os 7 gozos de S. José


1 - Dor de pensar em deixar Maria, gozo em receber a mensagem do Anjo.
2 - Dor de ver Jesus nascer na gruta de Belém, gozo ao vê-Lo adorado pelos Anjos,
pastores e reis magos.
3 - Dor de derramar o sangue do Menino Jesus na
circuncisão; gozo ao dar-lhe o nome de Jesus.
4 - Dor ao ver a espada de Simeão apresentada a Maria; gozo ao ver Ana e Simeão louvando o Menino.
5 - Dor do desterro para o Egito; gozo ao ver os ídolos caírem dos pedestais.
6 - Dor de não poder voltar para Jerusalém, gozo ao voltar para Nazaré.
7 - Dor da perda de Jesus em Jerusalém aos 12 anos; gozo ao encontrá-lo entre os
doutores.

Oração
Ó glorioso Patriarca São José, animado de uma
fé viva, chego ao vosso trono de glória, em que firmíssimamente Deus vos colocou
pelos méritos de Jesus e de Maria, por vossos especiais méritos e virtudes. Eu
vos peço que me alcanceis a graça de livrar-me dos sete pecados capitais, e que
fique firme e constante nas virtudes a eles contrárias, e adornado dos sete dons
do Espírito Santo, e que ame com fervor a Jesus e a Maria.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012


Consagração a São José
Oh! Glorioso Patriarca São José, eis-me aqui, prostrado ante vossa presença para consagrar-me inteiramente a Vós como filho e para pedir-vos vossa proteção.Desde já vos elejo como meu Pai, protetor e guia.
Sob vosso amparo ponho meu corpo e minha alma, propriedade, vida e saúde, consagrando-me ao Vosso cuidado Paterno. Tal como à Jesus, Vos peço, aceitai-me como filho vosso.Preservai-me de todos os perigos, ataques e laços do inimigo.Assisti-me em todo momento e sobre tudo na hora de minha morte.
Vós por Deus fostes escolhido para cabeça e guarda da mais santa entre as famílias, dignai-vos do Céu ser também meu cuidador e guia, pois humildemente vos peço que me recebais sob o manto do vosso patrocínio.
Coloco-me hoje e para sempre debaixo da vossa guarda especial a minha alma, corpo e bens, tudo o que tenho e sou, minha vida e minha família.Olhai-me e defendei-me de todos os enganos de meus inimigos visíveis e invisíveis. Assisti-me em todos os tempos, em todas as necessidades, consolai-me em todas as amarguras da vida, mas em especial, na agonia da morte, traga a meu favor uma palavra do amável Jesus, Teu Filho e meu Redentor e da Virgem gloriosa, de quem fostes amantíssimo Esposo.
Alcançai-me deles aquelas bênçãos que conheceis serem necessárias a meu verdadeiro bem e eterna salvação. Numa palavra, possa eu estar no número daqueles que amais, guiais e protejeis. Peço-Vos que me ajude a procurar, por meio de uma vida verdadeira cristã, tornar-me digno do vosso especial patrocínio.
São José, protetor santíssimo de Jesus e de Maria, socorrei-me, com vossas preces, em todas as minhas necessidades espirituais e temporais, para que um dia possa eu no Céu louvar eternamente a Jesus, nosso redentor, em vossa companhia e na de Maria, vossa Esposa. Amém

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Segunda Reunião da Comunidade


A segunda reunião da Comunidade, que ocorreu no dia 28 de janeiro de 2012, iniciou com um momento de oração do nosso presidente Luciano, que também nos transmitiu as notícias e avisos da província.
No primeiro momento de oração foram meditados os versículos do Evangelho (Marcos 1, 21-28), atividade coordenada por nossa formadora Ana Stela. Com a participação de todos os membros presentes, a mensagem mais comentada foi o reconhecimento dos espíritos caídos que Jesus é o Senhor, mas sem apresentarem a própria referência devida ao nosso Senhor e Salvador.

No segundo momento, o grupo meditou e comentou o prólogo e os dois primeiros capítulos de livro Fundações, de santa madre Teresa de Jesus. Os temas mais enfatizados foram a humildade de santa madre, acolhendo a idéia de sua sobrinha para a fundação de um mosteiro para seguir a ordem primitiva, e a sua obediência ao Senhor Jesus, seguindo as etapas de como esse mosteiro seria fundado. Finalizamos com o texto (Cap. 02):

“Ó grandeza de Deus! Como ostentais vosso poder em dar ousadia a uma formiga! E como, Senhor meu, não é por faltardes Vós que não realizam grandes feitos os que Vos amam, senão por mera covardia e pusilanimidade! Somos cheios de mil temores e prudências humanas e nunca nos determinamos, por isso não operais Vossas maravilhas e grandezas. Quão amigo sóis de dar, em achando quem aceito vossos dons! E quanto gostais de receber os serviços que Vos fazemos a vossa própria custa! Praza a Vossa Majestade tenha eu feito por Vós alguma coisa e não fique ainda mais devedora pelo muito que tenho recebido. Amém.”

O tempo de recreação foi descontraído, no qual compartilhamos alimentos com os membros e a criação de Deus (observem nos galhos da árvore). Após os avisos, foram rezadas as orações das Vésperas e cantos de louvor.