Marcadores

segunda-feira, 5 de março de 2012

Retiro. XI. Tempos e modos de Deus


Dom Henrique
Não muito tempo depois de deixar o Egito, Israel chegou próximo à terra que o Senhor Deus havia prometido a Abraão e aos seus descendentes: a Terra de Canaã. Do deserto de Farã saiu uma patrulha para explorar a Terra Prometida e tão desejada: era magnífica, mas não seria fácil conquistá-la: havia cidades com altas muralhas, havia povos bem armados, havia gente de grande estatura... Israel só com as suas forças não poderia fazê-lo nunca! Mais uma vez, os israelitas não pensaram no socorro amoroso de Deus; esqueceram a fidelidade do Senhor, deixaram para lá tudo quanto tinham visto Deus fazer em seu favor... É sempre o mesmo dilema, de Israel e nosso: ver as coisas com o olhar de Deus ou vê-las com o nosso próprio olhar. Israel é incapaz de olhar com os olhos do Senhor; não sabe que a realidade verdadeira não é a que vemos, mas aquela que o Senhor vê. Só quando vemos como Deus vemos realmente as coisas, as pessoas e as situações como elas são! É na luz do Senhor que contemplamos de verdade a luz!

A comunidade, por falta de fé, negou-se a prosseguir e murmurou contra o Senhor. Israel, agora, não murmura somente contra Moisés e Aarão; a murmuração não é mais disfarçada: agora é diretamente contra Deus: Por que nos tirou do Egito? Por que não nos deixou na cômoda e segura escravidão? A medida de Deus é diferente daquela de Israel e Israel não aceita a medida do Senhor nem a ela deseja se adequar!

Então, o Senhor Deus puniu Israel duramente: “Toda a comunidade se sublevou e começou a gritar, e o povo passou a noite se lamentando. Todos os israelitas murmuravam contra Moisés e Aarão, e a comunidade em peso lhes dizia: ‘Antes tivéssemos morrido no Egito, ou ao menos tivéssemos perecido neste deserto. Por que o Senhor nos leva para essa terra? A fim de tombarmos pela espada, e para que as mulheres e os filhos sejam reduzidos ao cativeiro? Não seria melhor voltarmos para o Egito?’ E diziam uns aos outros: ‘Providenciemos um chefe e voltemos para o Egito’. Então Moisés e Aarão caíram com o rosto em terra perante toda a comunidade israelita reunida. Josué filho de Nun e Caleb filho de Jefoné, que eram, dos exploradores, indignados, rasgaram as vestes, e disseram a toda a comunidade dos israelitas: ‘O país que percorremos e exploramos é uma terra excelente. Se o Senhor nos quer bem, nos introduzirá e nos dará essa terra, uma terra onde corre leite e mel. De modo algum deveis revoltar-vos contra o Senhor , nem temer a população do país, pois serão presa fácil para nós. Os deuses os deixaram desprotegidos, ao passo que o Senhor está conosco. Não os temais!’ Toda a comunidade ameaçava apedrejá-los, mas a glória do Senhor apareceu na tenda de reunião a todos os israelitas. E o Senhor disse a Moisés: ‘Até quando me desprezará este povo? Até quando se recusará a crer em mim, apesar de todos os sinais que fiz no meio deles? Disse-lhe então o Senhor: ‘Eu lhes perdôo conforme me pedes. No entanto, juro por minha vida e pela glória do Senhor que enche toda a terra: nenhum dos homens que viram Minha glória e os sinais que fiz no Egito e no deserto, e que já por dez vezes Me tentaram e desobedeceram, verá a terra que prometi a seus pais. Não a verá nenhum dos que Me desprezaram’” (Nm 14,1-11.20-23).

Revolta tremenda de Israel! É o mesmo povo que deseja sempre controlar seu destino à revelia de Deus: primeiro, fizera um bezerro que o guiasse; agora deseja expulsar Moisés e escolher um líder por sua conta; um líder que conduz de volta à cômoda e medíocre vida de escravidão no Egito! Ante tanta dureza, as palavras do Senhor são duríssimas: aquela geração de Israel, que viu tantos sinais e continuou dura e incrédula, não entrará na Terra Prometida. Já que seu coração é árido e deserto, na aridez e no deserto permanecerá até que toda ela desapareça! Dura lição: a misericórdia do senhor é infinita, mas não se pode fazer pouco caso Dele!

O povo, ainda assim, teima em fazer as coisas do seu modo. Agora insiste em entrar na Terra de Canaã, ainda que contra a vontade de Deus! Mas Deus nunca se dobra aos nossos caprichos, não aceita nossas manhas e piedades fingidas: “Quando Moisés referiu estas palavras aos israelitas, o povo ficou profundamente consternado. Na manhã seguinte levantaram-se dispostos a subir para o cume da montanha, dizendo: ‘Estamos prontos para subir à terra de que o Senhor nos falou; realmente, nós pecamos’. Moisés, porém, disse: ‘Por que transgredis a ordem do Senhor? Isso não terá um resultado feliz. Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós. Do contrário sereis derrotados pelo inimigo. Os amalecitas e os cananeus estão lá à espera, e sucumbireis pela espada. Já que voltastes as costas ao Senhor , ele não estará convosco’. Apesar disso teimaram em subir para o cume da montanha. Mas a arca da aliança do Senhor e Moisés não se moveram do meio do acampamento. Os amalecitas e os cananeus que viviam naquela montanha, desceram e derrotaram-nos, destroçando-os até Horma” (Nm 14,39-45).

Eis: Deus nos perdoa os pecados, mas há conseqüências graves que ficam gravadas na nossa história e no nosso coração! A desobediência a Deus nunca é uma brincadeira, nunca pode ser tomada por pouca coisa! O pecado é uma realidade, o pecado nos aparta de Deus, o pecado nos mata! Somente após quarenta anos o povo entrará na Terra da Promessa, no tempo e no modo determinados pelo Senhor...



Para pensar e rezar:

= Como você olha a realidade: a partir de suas medidas ou das medidas de Deus?

= Pense um pouco: Só quando vemos como Deus, vemos realmente as coisas, as pessoas e as situações como elas são! É na luz do Senhor que contemplamos de verdade a luz!

= Como você de comporta ante seus pecados: procura reconhecê-los e confessá-los, com o propósito de emendar-se ou, ao invés, toma tudo isso de modo leviano?

= Lembre: O pecado é uma realidade, o pecado nos aparta de Deus, o pecado nos mata! Tome cuidado: é pecado o que Deus diz que é pecado, não o que você julga ser ou não ser pecado!

= Leia e reze: Sl 136 (135); Dt 8; 1Cor 10,1-13

Nenhum comentário:

Postar um comentário